quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Missão (Sorriso) Continente… Belmiro Fica Bem Contente!

Acção da AIT-SP Lisboa em Entre Campos, no supermercado continente e na estação de comboios.

Todos os anos chega a época natalícia e é sempre o mesmo teatro na sociedade portuguesa, antes com a parceria da TVI e agora da emissora pública RTP, antes sob o nome Missão Sorriso, agora Missão Continente.

Num esquema tremendamente comercial sob a máscara da caridadezinha e da ajuda às criancinhas, incentiva-se o consumidor a comprar mais e a doar uns euros para ser bom cidadão.

Porém onde fica a cidadania e consciência do detentor da 3ª maior fortuna em Portugal quando a cada ano enriquece mais à custa da exploração dos trabalhadores, e acelera a destruição do nosso planeta com o seu incentivo ao consumismo exacerbado? Porque não faz ele mesmo doação direta para as boas causas? Não é uma boa causa se não der para lucrar com ela, óbvio.

O capitalista não pode acabar com os pobrezinhos que usa para lavar periodicamente a sua imagem. Não caia nestas palhaçadas…

O Núcleo de Lisboa da AIT-SP deseja um “Bom dia” ao Continente…


quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Solidariedade com Ali e todas as vítimas do Estado e do terror religioso

Desde 13 de Novembro, a França está em "estado de emergência", durante o qual os protestos foram criminalizados e muitas pessoas foram detidas e sujeitas a prisão domiciliária. Uma deles é o nosso companheiro Ali da CNT- AIT, que foi colocado sob prisão domiciliar às 3:30 da madrugada de 28 de Novembro.

A partir da Associação Internacional dos Trabalhadores, nós denunciamos fortemente as acções do Estado. Lembramos que são diferentes estados e fanáticos religiosos que estão lutando uns contra os outros para ganhar o controlo sobre as pessoas e dividi-las. Todos nós somos potenciais vítimas. Devemos unir-nos e derrubar os tiranos - todos os existentes e todos aqueles que o desejam ser.

Abaixo o estado de emergência e viva a revolta internacional!

Secretariado da Associação Internacional dos Trabalhadores


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Solidarity with Ali and All Victims of State and Religious Terror

Since November 13, France has been in a „state of emergency”, during which protest has been criminalized and many have been arrested and subject to house arrest. One of them is our comrade Ali from the CNT-AlT, who was put under house arrest at 3:30 AM on November 28.

From the lWA, we roundly denounce the actions of the state. We remind that it is different states and religious zealots who are battling against each other to gain control over people and divide them. All of us are potential victims. We must unite and bring down the tyrants – all those existing and all those who wish to be.

Down with the state of emergency and long live international insurgency!

IWA's secretariat

http://iwa-ait.org/content/solidarity-ali-and-all-victims-state-and-religious-terror

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

PEDAGOGIA LIBERTÁRIA, EDUCAÇÃO POPULAR E ANARQUISMO*

Ao abordar  o tema PEDAGOGIA (ou PEDAGOGIAS) LIBERTÁRIA não podemos  deixar de o ligar à sua génese ANARQUISTA e à figura de Ferrer Guardia e à sua ligação ao movimento anarco-sindicalista do  início do século 20.  Mais do que qualquer outra, a ideia de uma escola moderna, e de  uma educação baseada no racionalismo e na desmontagem de todas as superstições religiosas sociais e políticas, a iniciativa de Ferrer  Guardia ia a par do desenvolvimento de um proletariado combativo e organizado contra a exploração capitalista e a opressão do Estado – e tinha como alvo a educação integral das crianças filhas do proletariado, fora das mordaças das igrejas e dos poderes do Estado e do Capital. E foi por isso, no seguimento dos grandes levantamentos operários e populares, sobretudo na Catalunha, que Ferrer Guardia foi condenado à morte e fuzilado, aliás, no mesmo ano (1906) em que é criada a anarco-sindicalista CNT – Confederación Nacional del  Trabajo. À monarquia  espanhola e aos privilegiados latifundiários e senhores da indústria, não convinha uma escola que ensinasse aos proletários e seus filhos, que não é no “Céu”, depois de mortos, que há que alcançar qualquer “paraíso” mas sim aqui na Terra, onde as desigualdades, as opressões , as injustiças existem…-e que há que lhes pôr fim.

Com efeito, nesse período, não apenas em Espanha mas em muitos outros países –e em Portugal também – o desenvolvimento do movimento anarquista e das organizações operárias, como os sindicatos revolucionários (UON primeiro e CGT mais tarde), associações populares, cooperativas, ia a par da criação de escolas operárias nesses organismos de base, de círculos de estudos sociais, de grupos de alfabetização, dos quais, os principais centros industriais  como o Porto, Lisboa, Setúbal , foram férteis. Nesse mesmo período, em Inglaterra foi criada a “Pleb´s League”, a Liga dos Plebeus, com o objectivo expresso de cultivar e instruir o proletariado inglês daquele tempo, a braços com a exploração infame a que a “democrática” burguesia britânica o submetia, com jornadas de trabalho de sol a sol, com trabalho infantil, com aviltantes e terríveis condições de trabalho…

A par do desenvolvimento das lutas sociais foram-se sempre desenvolvendo entre os meios laborais experiências de (auto-)educação popular, desde as experiências da escola de Goulai-Poulai, na Ucrânia, animada por Tolstoi em meados do século 19, à Alemanha dos anos 20 com as Comunas Infantis em Berlim e Hamburgo, ligadas ao desenvolvimento da FAU-D (Freie Arbeiter  Union – Deutschland , secção alemã da AIT ) como de resto, na mesma época, em Inglaterra, na Suiça, na Itália, na França, na Áustria e na Holanda, e nada disso está separado de movimentos operários – que tentam contrabalançar o crescendo nacionalista, fascista e nazi.

Seguir-se-ão as experiências  de redes de educação popular , durante a ocupação nazi da França, animadas pelo autodidata Freinet, e mais tarde, a alfabetização e educação popular nas favelas brasileiras, impulsionadas através das ideias da Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire, às escolas dos “assentos” dos Sem Terra, nas ocupações de terras do Brasil e nas ocupações no México do ZPLN e dos Magonistas.
Algumas destas experiências decerto que escapam por vezes à classificação de LIBERTÁRIAS  no sentido ideológico do termo, mas abrem brechas na chamada “educação institucional”- sempre tendente a formatar crianças e adultos nos “valores” dominantes ( a competição, o afastamento da lutas sociais, o egoísmo social, etc.).

Algo profundamente ligado ao conceito de EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA é o AUTO-DIDATISMO organizado,  e as várias experiências surgidas na Suécia  (O. Olssen) e na Alemanha após a II Guerra Mundial e durante os anos 60 e 80: os Círculos de Estudos, organizados pelas próprias pessoas interessadas num dado tema e que tanto serviriam para apreender  em pequeno grupo uma qualquer técnica como para conhecer uma qualquer obra literária. Um seu desenvolvimento na  Berlim “alternativa” dos anos 80  foram também as “Bolsas de Aprendizagem” (Lernen Boerse),  orientadas segundo uma “velha” máxima  de B.Brecht, que dizia que “se o que não sabe é um ignorante, o que sabe e não passa aos demais aquilo que sabe é um criminoso”…

Muitos outros exemplos se poderão dar ainda de movimentos activos de educação e pedagogia libertária e educação popular no mundo inteiro. Também hoje, aqui e agora , frente à “crise” que banqueiros e governantes impõem que seja a maior parte da população pauperizada a pagar, frente ao aumento do ”intox” oficial (consome, consome, “empreendedorismo”,  lixa-o-parceiro-do-lado-para-
teres suce$$o, etc, etc…) nos tentam a todas e todos fazer aceitar as soluções vindas do alto da burra ou do alto do Estado.  E enquanto nos preocupamos com que nós e os nossos filhos possamos ter o último modelo de “té-lé-lé”, ELE$, os de cima e os de sempre, vão-nos roubando o tempo e a vida! É tempo de os recuperarmos! É tempo de ler mais e ver menos TV!  
 
É tempo de criarmos entre nós CIRCULOS DE ESTUDOS LIBERTÁRIOS, GRUPOS DE AR LIVRE E AVENTURA COM OS MAIS NOVOS – a par de todas as iniciativas populares e laborais com que possamos “meter o pauzinho nas engrenagens que nos apertam”…

Por nós, tentamos dar alguma ajuda nesse sentido.
 
*Texto de Zé P. (militante anarco-sindicalista)
Dez.2015

Círculo de Estudos Sociais Libertários – c/ Sindicato de Ofícios Vários da A.I.T.-SP, Porto
Contactos: <sovaitporto@gmail.com>       967694816

Grupos de Ar livre e Aventura (eco-escotismo livre) da Terra Viva!

Biblioteca/infoteca Social e Ecológica- c/TERRA VIVA! Associação de Ecologia Social
Contactos:  <terraviva@aeiou.pt>        223324001  961449268                                                                 n/blogue :   terravivaporto.blogspot.com
 
 

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Solidariedade com luta na Eslováquia contra a ONG OZ Drive

Luta contra a OZ Dive, uma ONG de Bratislava, que contratou Michal R. durante quase um ano e meio como falso trabalhador independente, não tendo feito assim os devidos descontos para a segurança social e saúde e ainda lhe ficando a dever 950€ quando este companheiro decidiu deixar o trabalho.

A Priama akcia, secção eslovaca da Associação Internacional dos Trabalhadores, está a apoiar Michal R., tendo já recebido ameaças por parte do advogado da ONG.

É esta a falsidade que nos rodeia: ONGs e outras instituições, como muitas IPSS em Portugal, que apregoam fazer um trabalho de "ajuda ao próximo" mas nem sequer cumprem com as suas obrigações contratuais e maltratam os seus funcionários!

Solidariedade!

Envio de e-mails de protesto:

E-mail: divemaky@divemaky.sk
com BCC para: ba@priamaakcia.sk

Sugestão de texto e envio de faxes aqui:
http://www.priamaakcia.sk/index.php?action=soliMail&soliMail_id=61&lan=en

Informação em Inglês e Castelhano aqui: http://www.iwa-ait.org/


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Solidariedade com a Casa Okupada de Setúbal Autogestionada

Retirado de: https://cosa2015blog.wordpress.com

3º Comunicado

"Aproxima-se a data de entrega da contestação ao processo de despejo da C.O.S.A.

Já escolhemos o advogado que nos defenderá  e traçamos um esboço da nossa estratégia legal. Continua em aberto a possibilidade de utilizarmos diversas ferramentas  na resistência e defesa da nossa ocupação.

Relativamente à recolha de fundos, recebemos várias contribuições (cerca de 1200€) o que supera o valor que precisávamos para o arranque da defesa legal.  No entanto, sabemos já que o processo terá vários outros custos e por isso todas as contribuições são muito bem-vindas.

Em Lisboa, no dia 21 de Novembro na DisGraça e no dia 3 de Dezembro na R.D.A. haverá  jantar de apoio à C.O.S.A.

Ao longo deste mês chegaram inúmeras mensagens de apoio e solidariedade, vindas um pouco de todo o mundo. Elas tanto nos emocionaram como revelaram o impacto que teve a COSA e a sua história, bem como os laços que se criaram durante estes anos.

Um pouco por todo Portugal, os benefits do Centro de Cultura Libertária em Almada e os da  DisGraça.
Da Grécia, palavras fortes de apoio e uma faixa solidária no Politécnico de Atenas.

De Berna, Suiça, de onde a Solidariedade nos chegou com o sabor delicioso de noites  de crepes.

De Kharkov, Ucrânia, mesmo com a guerra ali ao lado realizou-se uma concentração de apoio em frente da embaixada Portuguesa.

Do Uruguai de onde nos chega uma carta de amor à Resistência e guerra ao estado e ao capital.
Da Holanda, Espanha, França, Itália…

Sentimos o vosso calor compas,  sabemos que esta é mais uma luta em que caminhamos juntos."

16 de Novembro de 2015


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

(Paris) Anarquistas turcos solidários na luta contra o ISIS*

*Retirado daqui: https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2015/11/15/paris-anarquistas-turcos-solidarios-na-luta-contra-o-isis/

"A organização anarquista turca DAF foi uma das primeiras a manifestar a solidariedade para com os curdos na defesa de Kobane e tem dado testemunho físico da sua presença ao lado dos combatentes curdos contra o Estado Islâmico (ISIS), cujas acções de terror os seus militantes conhecem bem. Agora divulgou um comunicado sobre o massacre de Paris, também levado a cabo pelo ISIS, um movimento terrorista, totalitário, que juntamente com o Estado turco representa uma das maiores ameaças ao desenvolvimento do confederalismo libertário no Curdistão e cujas acções servem de pretexto para o reforço das leis securitárias seja no Médio Oriente, seja no resto do mundo, Europa incluída."



Comunicado da Acção Anarquista Revolucionária (DAF) sobre o massacre em Paris

A 13 de Novembro mais de 129 pessoas perderam a vida e dezenas ficaram feridas em 7 locais diferentes de Paris em consequência de ataques coordenados pelo ISIS com bombas e armas de fogo. O ISIS assassino continua com os seus assassinatos fora das regiões do Médio Oriente e da Anatólia. O massacre que teve lugar em Paris mostra claramente que o terror do ISIS não conhece limites. Sentimos profundamente o massacre de Paris e partilhamos a sua dor. Vivemos e continuamos a viver os ataques do ISIS apoiados pelo Estado. Do Senegal a Kobane, de Pirsus (Suruç) a Ankara, temos perdido muitos companheiros e amigos. Estamos conscientes do facto de que os massacres têm por objectivo criar o medo, a desconfiança e a solidão nas nossas vidas. A nossa dor é grande e aumenta a cada dia que passa. Nestes momentos temos que fazer crescer a solidariedade contra os assassinos que nos querem submergir no medo, na solidão e no isolamento.

Vemos os movimentos simultâneos do Estado francês e de outros estados com o objectivo de conduzirem o processo. Sabemos que estas mesmas estratégias desenvolvem-se na nossa região sob o nome de “luta contra o terror”. Neste ambiente de desconfiança, as pessoas adquirem uma psicologia do pânico que está dirigida pelos dispositivos ideológicos do Estado: a opressão do Estado contra os revolucionários e a política estatal que restringem a liberdade dos oprimidos será, assim, politicamente legitimada; e o discurso das políticas racistas aumentará. Os estados usam estes períodos extraordinários para os seus interesses políticos, económicos e sociais.

Estamos conscientes da situação em que a população francesa vive. Sabemos a dificuldade do exercício de pôr de lado a dor pela perda das vitimas e, por outro lado, de lutar contra as mobilizações fascistas no seio da sociedade, criadas pelo Estado. Sublinhamos que, mesmo com estas dificuldades, a luta deve ser contra o medo, o Estado e o fascismo.

A dor que estão a viver é a nossa dor. A raiva que sentem é a nossa raiva, a sua luta é a nossa luta!

Devrimci Anarşist Faaliyet-DAF (Revolutionary Anarchist Action)

sábado, 31 de outubro de 2015

Comunicado da CNT da Catalunha sobre o novo ataque ao movimento libertário



Esta manhã tivemos a notícia lamentável de que o Estado, por meio da audiência Nacional e dos Mossos d’Esquadra, voltou a perpetrar uma série de buscas a locais e apartamentos, bem como à detenção de activistas libertários em Barcelona e Manresa, um dos quais – pelo menos, de que temos provas até agora – é filiado nesta organização.

Uma actuação que não podemos qualificar de outra forma senão de repressão ao movimento libertário, dando continuidade a uma estratégia jurídica e policial que já resultou em várias prisões de anarquistas nos últimos meses. Estamos a falar da operação Pandora e da operação Piñata.
Do Secretariado Permanente do Comité Regional da Catalunha e Baleares da CNT-AIT, condenamos a actuação do aparelho repressivo do Estado e solidarizamo-nos com todos os presos, bem como com os seus familiares e amigos. Apelamos à participação de toda a população nas acções de apoio que venham a acontecer e a continuar a reforçar a luta social, através da solidariedade, da ajuda mútua e da auto-organização, porque essa é a melhor arma contra os inimigos do povo organizado.

Secretariado Permanente
Comité Regional da CNT Catalunya i Balears


Tradução do Portal Anarquista: https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2015/10/28/catalunha-cnt-solidaria-com-os-9-anarquistas-presos-esta-manha-em-barcelona-e-manresa/

domingo, 11 de outubro de 2015

Porque é que os anarquistas não votam*


Em tempo de eleições, mostram-se inevitavelmente dois tipos de pessoas com pontos de vista opostos: os que se abstêm e os que votam. Tanto uns como os outros têm argumentos para as suas posições. Aquele que não vota afirma que o voto é inútil e incapaz de causar mudança real. O que vota afirma que votar é um dever de todos os cidadãos e que é devido à abstenção que não existe mudança. Dentro do grupo dos que não votam, estão os anarquistas.

Mas porque é que os anarquistas não votam, afinal? "Certamente será porque o único desejo deles é causar o caos e a desordem. Eles não têm posições políticas para além disso!", dirá alguém. "Não votam, porque são egoístas e querem uma sociedade onde é cada um por si", dirá outro. Ambas as hipóteses estão muito longe da verdade.

Os anarquistas não votam, porque desejam uma sociedade que, através dos mecanismos democráticos actualmente existentes, é inalcançável. Pura e simplesmente, não existe qualquer partido que possa, através do poder estatal, construir uma sociedade sem estado nem capital. Isto confirma-se, porque, primeiro que tudo, dentro de uma democracia capitalista é impossível construir-se uma sociedade sem capital, sem que haja uma revolução, na qual os trabalhadores tomem controlo dos locais de trabalho e dos bairros. Qualquer governo que tentasse construir uma sociedade socialista (com este termo entende-se uma sociedade sem classes) dentro de uma democracia burguesa enfrentaria imensos obstáculos, e, caso conseguisse ultrapassá-los, teria depois de entregar o poder ao povo e auto-extinguir-se. No entanto, o que a história nos mostra é que os governos se recusam sempre a fazer isso, preferindo manter-se na sua posição de autoridade, e utilizá-la para benefício próprio.

Mas agora haverá alguém a dizer: "Eu bem sabia! Estes anarquistas são todos uns sonhadores utópicos! Todas as suas propostas são de coisas impossíveis ou inalcançáveis." Isto, novamente, é falso. A proposta de uma sociedade anarquista, sem classes e organizada pelo povo em conselhos e assembleias, é perfeitamente realizável. Os trabalhadores têm a força necessária para mudar tudo, e construir uma sociedade justa, livre e boa, mas esta força depende da sua organização e união. A sociedade que queremos não pode ser alcançada pelo voto, mas pode ser alcançada pelo desejo e acção de uma classe trabalhadora unida e ciente da sua força comum.

"Isso é tudo muito bom, mas parece-me que estamos muito longe de uma revolução desse género. Tendo isso visto, enquanto a revolução não vem, não faria sentido os anarquistas votarem no partido cujas posições mais se aproximem às suas?", perguntará alguém. À primeira, a resposta a isto será: sim, faz sentido. No entanto, reflectindo mais acerca do assunto, verifica-se que a conclusão permanece sendo: o voto é inútil. Existem vários factores que fazem com que este seja o caso. O primeiro desses factores é o facto de as campanhas eleitorais dos grandes partidos serem financiadas pelos grandes empresários e banqueiros - aqueles a que chamamos capitalistas ou burgueses. Estes partidos são grandes devido a esse financiamento, que os torna conhecidos e serve para aumentar a sua reputação com a população do país, e apenas são financiados porque têm posições que agradam aos capitalistas.

Existe uma relação de simbiose entre a classe política e a classe capitalista. A maior parte dos políticos, de facto, vem de famílias capitalistas. O grande empresário financia o político e ajuda-o a ganhar as eleições, e o político ajuda o empresário passando as leis que ele quer, e recapitalizando a sua empresa com largas somas monetárias quando essa declara falência. O capitalista não irá financiar ninguém que não o prometer ajudar. Por esse motivo, os partidos que não interessam à burguesia quase nunca vencem eleições. Muitos são, em vez disso, desconhecidos à vasta maioria dos votantes, e as suas posições raramente são vistas. Outros, têm uma base sólida de votantes, mas nunca passa de um determinado número, pois os meios de comunicação, que pertencem aos capitalistas, passam propaganda contra esses partidos, difamando-os ou tentando criar medo nas mentes das pessoas. No caso de um partido que não interesse à burguesia ganhar as eleições, depressa surgirão os grandes empresários, prometendo a esses políticos grandes riquezas em troca da sua obediência. Foi isso o que sucedeu com o Syriza da Grécia, que, verdade seja dita, nem sequer era muito radical. Os mesmos políticos que queriam, supostamente, renegociar a dívida de modo a que o pagamento dessa não se baseasse na miséria do trabalhador grego, mal chegaram às mesas de negociações, mudaram "misteriosamente" as suas posições, e acabaram por aceitar TODAS as exigências da Troika. As suas alegações de que simplesmente não era possível a renegociação não passam de mentiras para cobrir a sua colaboração com aqueles contra quem prometeram lutar.

No nosso caso português, votar tanto no PS como no PSD/CDS não passa de uma perpetuação das mesmas políticas neo-liberais que nos governam - as políticas que já tanto nos tiraram, e que nos tencionam tirar ainda mais, para alimentar a ganância infindável do capital. Directamente antes das eleições vê-se sempre o mesmo: o actual governo age como se fosse afinal muito simpático, enquanto o partido da oposição age como se fosse o total oposto daquilo que o outro foi, e daquilo que esse mesmo já foi, antes de ter sido retirado do poder pelo outro. É um ciclo. Cada vez que um desses vence, o ciclo continua. "Mas então e os outros partidos?", exige alguém saber.

O BE é composto por uma camada da classe média que deseja uma espécie de social-democracia com ênfase especial em problemas sociais. Na realidade, se este partido fosse para o poder, faria exactamente o mesmo que o seu partido irmão grego, o Syriza, fez: ocupou o seu lugar no ciclo, e continuou as políticas dos grandes empresários e banqueiros.

O LIVRE, que promete um sistema democrático mais representativo, apenas faria continuar o ciclo, só que com primárias abertas. Já vimos o quão fácil é para o capitalista comprar alguém. Mesmo que o LIVRE tentasse implementar uma espécie de democracia directa, a existência dessa não seria permitida pelos capitalistas, que fariam tudo o que fosse necessário para impedir essa implementação. A coligação AGIR não passa de um grupo de políticos oportunistas que apenas desejam enriquecer-se a si mesmos.
O obscuro PNR ocuparia o seu lugar no ciclo, continuando as políticas dos burgueses, mas implementando políticas sociais da direita reaccionária.

Quanto à CDU, existem duas hipóteses: ou o partido não passará da actual ideologia social-democrata que propagandeia, ou agirá mesmo como um partido marxista-leninista. No primeiro caso, a CDU apenas ocuparia o seu lugar no ciclo, como fez o Syriza, só que com vocabulário e desculpas diferentes. No segundo caso, que é altamente improvável, a classe capitalista faria tudo para o impedir de governar, incluindo provocar uma guerra civil, ou provocar uma invasão por uma certa potência estrangeira bem conhecida por invadir países com governos marxistas-leninistas. Mesmo que o partido e os seus apoiantes conseguissem vencer essas duas ameaças (com o custo de muitas vidas e da devastação do país), o que acabaria por suceder seria o que sucedeu a todos os países que já estiveram nesta posição (a lista de exemplos é longa): a classe política iria solidificar o seu controlo, criar um regime ditatorial onde a riqueza flua em direcção dos altos oficiais do partido, acabar com todos os esforços de criar uma sociedade verdadeiramente comunista e, no final, deixar o capitalismo lentamente entrar. Assim, vemos que, independentemente de quem votarmos, o capital é quem vencerá.

"Então mas isso não quer dizer que estamos condenados? Não quer dizer que nunca irá haver mudança a sério? Então afinal o que os anarquistas dizem é que nos devemos resignar e submeter-nos voluntariamente e sem resistência à miséria que nos é imposta?" Não. Nunca estaremos condenados enquanto haja ar nos nossos pulmões e esperança nos nossos corações! "Mas então como é que fazemos?".

Organizamo-nos! Aprendamos que vivemos num sistema onde a classe capitalista vive da nossa miséria: é essa a natureza do capitalismo. Aprendamos que sempre será assim enquanto existam classes - mesmo num sistema social-democrata existe exploração, e esse estado social apenas existirá temporariamente para acalmar os ânimos dos trabalhadores, e que após essa tarefa ser cumprida, irá haver sempre uma transição para o neo-liberalismo: o sistema ideal da classe capitalista. E aprendamos sobretudo,que a nossa força está na união e na solidariedade. Se queremos viver bem, e dar um bom futuro aos nossos filhos e netos, temos de nos organizar agora: encontrando outras pessoas descontentes, aprendendo, ensinando, formando grupos, assembleias de bairro, sindicatos, associações de classe, colectivos de estudantes e lutando contra os avanços e investidas do capital contra nós, preparando as condições para a revolução onde iremos mudar a sociedade pela base.

Não votamos porque não temos fé nos políticos. Temos fé em nós mesmos, e na nossa força.

João Morais
*Artigo de opinião de um membro do Núcleo de Lisboa da AIT-SP

sábado, 26 de setembro de 2015

Mostra de Edições Subversivas em Lisboa

Já começou a Mostra de Edições Subversivas em Lisboa.
O Núcleo de Lisboa da AIT-SP está presente com uma banca. Apareçam!

Grupo Excursionista e Recreativo Os Amigos do Minho, no número 244 da Rua do Benformoso
(perto do metro do Martim Moniz e Intendente)

Mais informações e programa: http://www.mes2015.tk/


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Panfleto de resposta ao IPPI e à Câmara de Odivelas

https://files.acrobat.com/a/preview/b3b773c2-646f-4a07-b834-dcdb935a4f73

Ao Instituto Português de Pedagogia Infantil e à Câmara Municipal de Odivelas

O Instituto Português de Pedagogia Infantil (IPPI), uma Instituição Particular de Solidariedade Social na Póvoa de Santo Adrião, contratou a recibos verdes cerca de 40 professores para as Actividades Extra-curriculares de escolas de 1º Ciclo e jardins de infância de Odivelas para o passado ano lectivo, num acordo com a Câmara Municipal.

Apesar de termos consciência de que trabalhar por um salário é uma forma de exploração, havendo sempre quem enriqueça com o fruto do nosso trabalho, a verdade é que é melhor ter um mísero contrato do que estar numa situação de recibos verdes em que a qualquer momento se pode ser despedido e ainda é o trabalhador a ter de fazer por si os descontos para a segurança social.

Não nos surpreende que uma instituição de “solidariedade social” explore os seus funcionários e se vingue de quem luta por melhores condições. Muito menos nos admira a atitude da Câmara de Odivelas que ainda teve a lata de na sua resposta afirmar que tudo estava a ser cumprido dentro da legalidade e se vangloriar por pagar antecipadamente ao IPPI para que não houvesse atrasos no pagamento dos salários dos professores, como se não fosse uma obrigação pagar os ordenados a horas!

Após a denúncia da situação, a Autoridade para as Condições do Trabalho fez uma inspecção à instituição e obrigou a mesma a contactar todos os professores para lhes oferecer um contrato de trabalho caso assim o desejassem.

Legalidades à parte, pois neste sistema as leis protegem sempre os mais poderosos, o que interessou neste processo é que havia professores a exigir algo tão simples como um contrato de trabalho e isso simplesmente tinha de ser conseguido.

No próximo ano lectivo estaremos novamente atentos ao que se passa por essas bandas! Claro que sabemos que o Estado e as grandes empresas são a minoria que manda, que explora, vigia, persegue, aprisiona… Mas também sabemos que às vezes têm medo e fazem bem. Afinal, somos muitos mais. E temos muito pouco a perder…


Unidos e auto-organizados, nós damos-lhes a crise!

Associação Internacional dos Trabalhadores – Secção Portuguesa

Núcleo de Lisboa

20/08/2015

terça-feira, 21 de julho de 2015

OS DEUSES, O MINISTRO, AS CHEFIAS E INCLUSIVE ALGUNS TÉCNICOS DA SEGURANÇA SOCIAL DEVEM ESTAR LOUCOS!...

É voz corrente que no seu afã de vir a privatizar os serviços da Segurança Social, muita coisa tem sido feita e desfeita nestes serviços para justificar a sua possível entrega ás IPSS.s…(as tais “instituições privadas de solidariedade social”, como as “Misericórdias”, etc…). Também é voz corrente entre muitos dos utentes que, muito do pessoal que nestes serviços trabalha tem vivido sob a ameaça de despedimentos travestidos de “reclassificações”…
Porém tudo chegou a um ponto que toca o absurdo e já não é possível do ponto de vista dos utentes saber muito bem com o que contar em muitos dos serviços desta instituição. Eis um caso paradigmático:

1-Em Janeiro deste ano de 2015, dirigi-me, como activista social voluntário, em apoio do trabalhador e “cidadão europeu” desempregado, Klaus Conrad (que não fala ainda português) aos serviços da Segurança Social na Rua do Rosário no Porto para que ele pudesse requerer o chamado Rendimento Social de Inserção;

2- Em Outubro de 2014, o Klaus, que pernoita desde 2012 no Albergue Nocturno do Porto, já tinha adquirido: a) a inscrição no serviço de Finanças da sua área de “residência” –pelo qual teve que pagar c/ajuda de amigos, 10,20 € ; b) da Junta de Freguesia local o atestado de residência. Também teve na mesma altura que se inscrever no Instituto de Emprego (IEFP);

3-Com os documentos exigidos na Segurança Social para anexar ao requerimento do RSI, foi-lhe ainda exigido, em Fevereiro, que obtivesse na Câmara Municipal do Porto um outro, uma “certidão do registo do direito de residência em Portugal há pelo menos um ano”. Mas apesar de várias vezes solicitado na C.M.do Porto este documento, inclusive com apresentação de cópias da legislação em vigor sobre o assunto endereçadas pela Segurança Social, a Câmara recusou passa-lo alegando “não ter competências para tal”;

4- Deslocámo-nos então ao CNAI (Comissão Nacional de Apoio ao Imigrante) do Porto que nos indicaram que sim, que teria de ser a Câmara Municipal a passar ao Klaus esse documento;

5-Fartos de andar da Segurança Social para a Câmara e desta para a Segurança Social, com mais um ou outro percalço pelo caminho, registámos nos livros de reclamações dessas duas entidades o protesto pela falta de “articulação inter-institucional” entre elas (Fevereiro de 2015);

6-Em Abril a Câmara Municipal do Porto passa ao Klaus a “DECLARAÇÂO”(entregue posteriormente na Segurança Social) de que não pode emitir o documento solicitado - apesar de ter registado o documento emitido pela Associação dos Albergues Nocturnos do Porto, referindo que “este cidadão da União Europeia reside desde 13/03/2012 nas suas instalações”(…);

7-Em 12 de Maio de 2015 a Segurança Social informa o Klaus de que “o requerimento (para o RSI)”será indeferido se no prazo de 10 dias úteis (…)não der entrada nestes serviços resposta por escrito em que constem elementos que possam impedir o indeferimento, juntando meios de prova “(…);

Despedimento Injusto na Cruz Vermelha

sexta-feira, 1 de maio de 2015

1° de Maio

Fotografias retiradas daqui: http://bloguedelisboa.blogs.sapo.pt/

Anarquista preso em Lisboa

“Saúde companheir@s

Gostaria que publicassem esta carta de um companheiro preso em Lisboa. Não pode fazê-lo ele mesmo porque está isolado e sem acesso à internet.

Saudações.

Diego C.”

Olá a todos e a todas

Chamo-me Jaime Giménez Arbe, ainda que alguns/as talvez conheçam melhor o sobrenome que me deu a Guarda Civil e os meios de desinformação do Estado: “El Solitario”.

Estou preso na prisão de Monsanto, em Lisboa, Portugal, desde Julho de 2007. Esta prisão tem sido denunciada em inúmeras ocasiões como sendo a “Guantánamo de Portugal” pelas suas condições de vida e maltratos continuados sem paralelo na Europa.

Sou, com dois companheiros, o preso que está há mais tempo nesta masmorra imunda e sem nenhuma possibilidade de ser transferido para outra prisão portuguesa de regime normal, se por normal se pode entender o sistema de prisões de Portugal que é puramente terceiro-mundista.

Fizeram-me saber, oficialmente, que eu estaria nesta prisão de Monsanto até que fosse transferido para Espanha e que existia uma pressão por parte da polícia espanhola para que me mantivesse aqui o maior tempo possível.

Em 2010 solicitei, com base no tratado bilateral existente entre a Europa e Portugal, assim como numa resolução executiva da União Europeia, a minha transferência para Espanha para acabar de cumprir a minha aberrante e injusta condenação imposta por esta justiça das bananas de Portugal.

A fim de que não pudesse ser transferido, foram sendo instruídos “oportunamente” uma série de processos judiciais em Portugal, que em Espanha não passariam de acusações de faltas ou que talvez nem constituíssem qualquer delito. Tudo para inviabilizar a minha transferência para Espanha.

Paralelamente, e sempre que pareceu conveniente a essa justiça inquisitorial espanhola, levaram-me para Espanha temporariamente para me submeterem a acusações-farsa de que sempre e invariavelmente saio condenado sem que haja qualquer prova, digna desse nome, contra mim. Para isso utilizam uns denominados “mandatos europeus”, a que não te podes opor.

De modo que por casualidade, “casualmente”, fui trasladado para Espanha em 6 ocasiões diferentes, por um tempo total acumulado de quase dois anos. Durante este tempo estive em prisões espanholas em isolamento e nas piores condições possíveis. Mas, é claro, vindo de uma prisão como Monsanto qualquer cárcere espanhol é quase como um “resort” de férias.

O repugnante é que com as absurdas leis portuguesas em vigor, durante todo o tempo em que estive preso em Espanha, vítima de outros mandatos europeus de detenção, o cumprimento da sentença em Portugal foi suspenso, aumentando ainda mais a minha condenação neste país.

Por fim, em Junho de 2014, concretamente no dia 16, o Procurador Geral da República de Portugal mandou um ofício ao Ministério da Justiça Espanhol, concretamente ao Gabinete de Cooperação Jurídica Internacional, informando de que, por fim, se podia proceder à minha transferência definitiva para Espanha para “acabar de cumprir” a minha pena neste país.

Antes de prosseguir, quero explicar-vos que relativamente à lei espanhola a minha condenação em Portugal já se extinguiu há vários anos e que Espanha, depois de ser transferido, tem total autoridade de aplicar e, se for o caso corrigir, os desvarios, aberrações e injustiças da justiça portuguesa; uma vez que os delitos têm que ser homólogos, ou seja, que existam enquanto tal na legislação espanhola e que as penas pelos mesmos não excedam em tempo o estabelecido pela lei espanhola. Para dar um exemplo, por roubar um pacote de caramelos ninguém em Espanha pode ser condenado a passar 5 anos da sua vida na prisão, como sucede de facto em Portugal.

Mas continuando com o que estava a expor, quero dizer-vos que o Gabinete de Cooperação Jurídica Internacional acusou a recepção da petição da procuradoria-geral da república portuguesa no dia 30 (Junho) de 2014. E desde então não se fez absolutamente nada. Nada de nada. Em Novembro, por fim, e porque Portugal face à falta de resposta do Ministério da justiça espanhola, voltou a enviar outro oficio requerendo uma resposta da autoridade espanhola, que por fim respondeu. Neste momento, o meu advogado espanhol e a minha família tentaram por-se em contacto com a o Gabinete de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça espanhol, situado na c/Bernardo, de Madrid. Em concreto, pretendia encontrar-se com a Directora Geral desse organismo, para pedir respostas e soluções. A dita senhora, obviamente uma funcionária política desse lacrau chamado Partido Popular, negou-se totalmente a receber em audiência o meu advogado ou simplesmente a falar com ele ao telefone, delegando num subalterno, que obviamente não tem poder de decisão e que obedece a ordens. A verdade é que até este momento o Gabinete de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça limitou-se a solicitar documentos e mais documentos, que são redundantes, pois Portugal já os enviou noutra altura. Portanto, falando de forma coloquial, o que fazem é empatar para que eu não seja enviado para Espanha.

Quero que as pessoas que leiam isto saibam que, normalmente, noutros casos, estes “trâmites” levam dois meses no máximo, nunca 8 meses ou inclusive muito mais, como é o meu caso. Inclusivamente indivíduos com Ángel Carromero, das Novas Gerações do PP, trouxeram-no de Cuba onde estava condenado por homicídio devido a imprudência grave e, uma vez e, Espanha, deram-lhe um tratamento de favor, anulando a condenação cubana e pondo-o em liberdade. Mas, e isto é doloroso, o Estado espanhol tem com o português “acordos espaciais” que lhe permitem, se assim o deseja, que a extradição seja rapidíssima; em Janeiro de 2014 fui traladado a Badajoz por ordem da polícia espanhola sem que nenhuma autoridade portuguesa tivesse sido ouvida e sem que se seguisse nenhum tipo de protocolo legal.

ESTOU FARTO DE TANTA INJUSTIÇA LEGAL POR PARTE DO ESTADO ESPANHOL e das suas duas (ou centenas) de varas de medir. Toda esta situação tem como motivo o ódio animal, irracional, visceral que me têm estes fascistas sem retorno do Partido Popular e do P$OE pelo facto de ser anarquista. Como sabem, eu expropriei bancos, e com muita honra, mas também fui condenado num julgamento-farsa em Navarra pela morte de dois Guardas Civis, acusação de que estou inocente. Ainda hoje luto para demonstrar a minha inocência neste caso, mas é-me muito difícil por estar já há quase 8 anos em total e absoluto isolamento.

Alguns/as de vocês talvez tenham lido o meu livro autobiográfico, publicado pela Editorial Txalaparta (www.txalaparta.com) intitulado “Me llaman El Solitario. Autobiografía de un expropiador de bancos”. Quero dizer-vos que tenho a intenção de escrever a continuação desse meu primeiro livro, que abarcará os anos de 2009 a 2016. Farei isso em Espanha, pois o que tenho a dizer é tão explosivo que em Portugal abrir-me-iam, com toda a certeza, processos judiciais que inviabilizariam o meu regresso a Espanha.

O objectivo desta carta à opinião pública é, antes de tudo, informar daquilo que se está a passar comigo neste momento e pedir-vos que mandem cartas, emails, … dirigidos ao Ministro da Justiça Rafael Catalá, ao Gabinete de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça (Oficina de Cooperación Jurídica Internacional de Ministerio de Justicia), à sua Directora-Geral, nos termos, corteses ou não, que vos pareçam bem, pedindo o meu regresso definitivo a Espanha. Agradeço-vos desde já.

E por último, informo-vos que eu, sendo acrata como sou, só votei uma vez na vida (deveria ter feito uma foto para recordação) e no foi no referendo em que se decidia se Espanha devia ou não entrar na NATO. O meu voto, claro, foi Não. Agora, nestes momentos históricos, voltaria a fazê-lo, para votar num movimento saído do 15 de Março de 2011, de maneira a varrer de uma vez por todas esta casta de parasitas, ladrõezecos e liberticidas que se apoderaram deste conjunto de nações que hoje ainda integram este país chamado Espanha.

Eu, como sabeis, desejo a abolição do estado e tenho levado toda a vida a lutar por esse objectivo como tenho podido. Mas não sou um ingénuo e sei que isto não vai ser possível dum momento para o outro, principalmente porque não estamos preparados para isso como sociedade livre. Mas acredito que podemos ir tornando o Estado cada vez mais pequeno e esvaziá-lo progressivamente de meios, tanto quanto nos consigamos organizar melhor. Para isso é fundamental apropriarmo-nos da economia e dos meios de produção, pois estes são a base do poder (bem entendido) popular. Não se deve pedir autorização ao Estado para desenvolver uma economia produtiva, nem questionarmo-nos se algo é lícito ou ilícito quando se trata de conseguirmos um objectivo tão nobre como a independência económica, a liberdade pessoal e a justiça popular e social. Podem estar de acordo comigo ou não. Mas o que é certo é que as coisas devem mudar para melhor. Não crêem nisso?

Um forte abraço libertário para todos e todas.

SAÚDE!

Jaime Giménez Arbe

Lisboa, 12 de Fevereiro de 2015″

aqui: http://www.alasbarricadas.org/noticias/node/34256

Retirado daqui: https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2015/04/27/el-solitario-situacao-de-um-preso-anarquista-em-portugal/

quinta-feira, 23 de abril de 2015

1º de Maio - 15:30 Concentração no Rossio

Este é o dia em que comemoramos as lutas dos trabalhadores de todo o mundo.

Mas este dia não serve só para relembrar o passado. Serve para encontrar inspiração para desenvolver novas lutas. Pois a exploração não é só um problema do passado. É um problema bem vivo que presenciamos e sentimos todos os dias, e que só será resolvido com o fim do capitalismo.

Se desejamos uma vida digna, e uma sociedade que nos veja como humanos, temos de nos organizar contra este sistema que nos vê somente como peças a ser usadas para o enriquecimento da elite capitalista.

Temos de tomar o controlo dos nossos locais de trabalho, dos nossos bairros, das nossas ruas, das nossas vidas!

Unidos e auto-organizados nós damos-lhes a crise!

Associação Internacional dos Trabalhadores
Secção Portuguesa - Núcleo de Lisboa

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terça-feira, 14 de abril de 2015

O Instituto Português de Pedagogia Infantil e a Câmara de Odivelas contrataram cerca de 40 professores das Actividades de Enriquecimento Curricular a falsos recibos verdes.

Estas pessoas trabalham lado a lado com colegas que possuem contrato de trabalho e são obrigadas a fazer por si próprias os descontos para a segurança social. Perdem todos os direitos, como, por exemplo, o subsídio de férias, de natal ou o subsídio de desemprego, a justificação de faltas, etc. e vivem ainda em insegurança, pois podem ser despedidas a qualquer momento…

Quem contestar esta situação de absoluta precariedade sofre retaliações, o que já está a suceder com um dos professores.

Apelamos à solidariedade!

Envio de e-mails de protesto para aqui:
secretaria@ippi.pt
geral@cm-odivelas.pt
assembleia.municipal@cm-odivelas.pt

Contra os falsos recibos verdes nas AEC de Odivelas! Basta de precariedade!

Contra a repressão a quem exige um contrato de trabalho!

Um ataque a um, é um ataque a todos nós.

terça-feira, 31 de março de 2015

A CNT solidariza-se com todos os detidos na operação policial de 30 de Março

O Estado volta a recorrer à repressão e tenta, de novo, criminalizar a ideologia e os colectivos anarquistas. Para isso põe em marcha todo o seu poder mediático e judicial, tentando desta maneira instalar na sociedade um clima de medo e insegurança que justifique a aprovação e a aplicação de novas leis, cada vez mais repressivas e reaccionárias. Precisam de um inimigo e fabricam-no. Primeiro fazem as leis; depois procuram alegados culpados a quem elas se apliquem. Com isto pretendem esconder ao serviço de quem está toda a máquina do estado, que não é senão as grandes empresas e a banca.

Quando, apesar dos apelos à participação nos processos eleitorais, se mantêm ou aumenta a resposta na rua contra os cortes sociais e laborais e a perda de direitos, o estado necessita reforçar as suas ferramentas repressivas e de controlo social. E põem-nas em acção contra aqueles que o enfrentam.

As prisões e as buscas de hoje acontecem, precisamente, poucos dias depois de ser aprovada a nova Lei de Segurança Cidadã, mais conhecida como Lei Mordaça, à qual não só se opõem os movimentos sociais e sindicais mais combativos. Instituições tão pouco suspeitas de serem “anarquistas Terroristas” como ONG’s e outros movimentos sociais, a União Europeia ou a ONU também manifestaram o seu repúdio ou as suas reservas face a esta lei.

A relação entre os dois factos parece-nos nítida. As operações policiais acompanham a aprovação de uma lei tão controversa, jogando aqui o movimento e os colectivos anarquistas o papel de vitimas “à mão de semear”: como não se apresentam a eleições nem têm lugar fixo nas tertúlias televisivas, as suas denúncias ficam silenciadas pelo ensurdecedor ruído mediático. Ao mesmo tempo que a lei gera alarme social e procura uma base de apoio a política do quero e posso reprime qualquer reivindicação que ponha em perigo o seu controlo sobre a resposta social e sindical aos seus ataques-

O único terrorismo real de que sofre a classe trabalhadora é o se exerce a partir do poder: os despejos, o desemprego, o desmantelamento do sistema de saúde e de educação… Como gritamos nas ruas “violência é o dinheiro não chegar ao fim do mês”. Não podemos permitir que espezinhem os nossos direitos mais básicos. Antes prendiam manifestantes e grevistas. Hoje prendem anarquistas. Amanhã serás tu. E então já será tarde.

Não à repressão. Não à prisão de quem luta.

Secretariado Permanente do Comité Confederal da CNT

http://www.cnt.es/noticias/cnt-en-contra-de-la-persecuci%C3%B3n-al-movimiento-anarquista


domingo, 29 de março de 2015

Instituto Português de Pedagogia Infantil e Câmara de Odivelas contratam professores a falsos recibos verdes

Cerca de 40 professores das Actividades de Enriquecimento Curricular de escolas do 1º Ciclo de Odivelas encontram-se em situação de falsos recibos verdes.

Foram contratados para leccionar Música, Expressões, Inglês e Atividade Física e Desportiva pelo Instituto Português de Pedagogia Infantil que recebe da Câmara Municipal de Odivelas o dinheiro destinado a estas actividades.

Apesar das condições serem iguais às dos trabalhadores dependentes - com horário, salário e local de trabalho fixos, materiais da empresa, obediência a uma hierarquia, etc. - estes professores não são considerados funcionários e estão em regime de trabalhadores independentes. Alguns estão até há vários anos na Instituição e este ano lectivo viram a sua situação precarizar-se ainda mais.

A instabilidade inerente a um part-time de poucas horas e que conduz sempre ao desemprego no Verão, com o fim das aulas, já é uma situação revoltante, mas estas pessoas têm ainda de trabalhar lado a lado com colegas que possuem contrato de trabalho e são obrigadas a fazer por si próprias os descontos para a segurança social. Perdem todos os direitos, como, por exemplo, o subsídio de férias, de natal ou o subsídio de desemprego, a justificação de faltas, etc. e vivem ainda em insegurança, pois podem ser despedidas a qualquer momento…

Todos sabemos que a precariedade laboral, o desemprego e os salários de miséria são um problema da grande maioria dos trabalhadores, seja nas empresas privadas, no Estado ou em instituições como esta que se designam de Solidariedade Social!!

Lutemos então com aqueles que sofrem os mesmos problemas que nós e resgatemos a nossa dignidade! Merecemos respeito!

Unidos e auto-organizados, nós damos-lhes a crise!

terça-feira, 24 de março de 2015

Solidariedade com a luta dos trabalhadores do Metro!

Queremos transportes públicos para todos!


Factos:
- O preço dos transportes aumentou cerca de 25% nos últimos 3 anos;
- Há cada vez menos comboios e o tempo de espera é superior;
- Nas horas de ponta, os comboios vão apinhados e as pessoas são obrigadas a viajar sem condições;
- Os administradores do Metro têm salários milionários;
- Em dois anos o Metro despediu 170 trabalhadores/as e pretende despedir mais 190;
- A maior parte dos prejuízos do Metro devem-se ao pagamento de juros swap aos bancos, pois as receitas do Metro dariam para cobrir as despesas de salários aos trabalhadores/as e a manutenção de linhas, frota e estações, se não fosse a especulação financeira;
- Com a privatização à porta, espera-se um caderno de encargos anti-social para utentes e funcionários/as que piorará o serviço;
- As multas para quem não paga bilhete são exorbitantes e agora cobradas pelas Finanças;
- Há mais de 1 milhão e 500 mil desempregados em Portugal e 25% da população vive no limiar da pobreza.

Queremos:
- Reposição das composições cortadas e da frequência horária das mesmas!
- Fim da perseguição discriminatória e da criminalização de quem não pode pagar bilhete ou passe!
- Fim dos despedimentos e da precarização dos postos de trabalho!
- Auto-gestão dos serviços de transportes!


Temos os administradores das empresas de transportes cheios de mordomias: a comprarem carrinhos novos no valor de milhões e a culpabilizarem os trabalhadores e os utentes pelo péssimo serviço que é prestado. Não queremos pagar um serviço que já está pago com os nossos impostos e deveria ser gratuito. A mobilidade deveria ser um direito humano. Cada vez mais pessoas são obrigadas a sobreviver na miséria enquanto os ricos estão cada vez mais ricos!

Todos têm o direito a poder deslocar-se livremente pela cidade, usando os transportes públicos, sem serem multados, perseguidos pelos fiscais e pela polícia.

Exigimos melhores transportes públicos e gratuitos!
Exigimos dignidade! A luta dos trabalhadores do Metro também é a nossa!

quinta-feira, 19 de março de 2015

Junta e Câmara de Odivelas não pagam a trabalhadores

Cerca de 14 vigilantes patrulheiros de Odivelas, que ajudam nas entradas e saídas das crianças das escolas, estão constantemente com salários em atraso.
Apenas há uns dias a Junta de Freguesia de Odivelas, que recebe o dinheiro da Câmara Municipal, pagou o mês de Janeiro. Os trabalhadores continuam a aguardar o pagamento de Fevereiro e esta é uma situação de precariedade que se repete há muito tempo.
Será que os presidentes da Junta e da Câmara também têm de esperar dois e três meses pelos seus ordenados e ainda ter de insistir para que lhes paguem o dinheiro devido, como se de uma esmola se tratasse?!
Estas pessoas merecem respeito! Que não deixemos este tipo de ataques à nossa dignidade sem resposta!
Solidariedade!

Associação Internacional dos Trabalhadores
Secção Portuguesa - Núcleo de Lisboa


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19/03/2015

terça-feira, 10 de março de 2015

Trabalhemos por uma maior participação das Mulheres no nosso Movimento!


Por ocasião do Dia Internacional da Mulher gostávamos de abordar os problemas que afectam, de maneira desproporcionada, as mulheres nos locais de trabalho, tratando-os duma maneira mais efectiva e aumentando a participação das mulheres no nosso movimento.

Ao falarmos com companheiros seja do movimento anarco-sindicalista, seja de fora deste, podemos ver que ainda há um longo caminho a percorrer até conseguirmos adoptar uma postura organizativa para lutar contra o sexismo nos locais de trabalho. Na recente conferência anarco-feminista internacional, durante a sessão que tratava da organização nos locais de trabalho, apercebemo-nos de que as mulheres tinham queixas e experiências semelhantes, mas poucas delas se dispunham a organizarem-se em torno destas questões nos sítios onde trabalham. Apenas algumas estavam integradas em sindicatos, fossem maioritários ou alternativos.

As razões para isto podem ser muito complexas e envolver também muitas especificidades pessoais. Mas vale a pena discutir este tema. Nalgumas das nossas organizações temos um desequilíbrio de género ou as mulheres vêem-se de algum modo marginalizadas, devido a regras de comportamento que podem estar mais inclinadas para a socialização masculina. No entanto, sabemos todos que o nosso movimento não deveria funcionar deste modo e que a luta pela igualdade não é somente económica, mas sim una luta pela igualdade em todos os aspectos.

Nesta ocasião fazemos um apelo aos nossos companheiros para que abordem estes temas e dêem os passos necessários para fazerem os melhoramentos que forem necessários e para que ponham em relevo o papel das mulheres onde estas se tenham destacado e tenham tido sucesso.

Secretária Geral da AIT

8/3/2015

[Tradução de Portal Anarquista: https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2015/03/10/ait-trabalhemos-por-uma-maior-participacao-das-mulheres-no-nosso-movimento/]

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A propósito da GRÉCIA …
                        
PARA ALÉM DO DESESPERO:  A INDIGNAÇÃO, A REVOLTA E A AUTO-ORGANIZAÇÃO POPULAR   (o papel do ANARQUISMO e do ANARCO-SINDICALISMO)

As dívidas que os governos e o Estado português contraíram em nome do povo – mesmo daquela parte que não votou em nenhum deles – serviram e continuam a servir  sobretudo para salvar da “crise” os BANCOS que a criaram e para garantir a continuação dos privilégios, luxos e  tachos para governantes, políticos profissionais e demais “representantes” .
 E o que tem a grande maioria da população?... Tem mais POBREZA, mais DESEMPREGO, menos DIREITOS, PIOR SAÚDE, PIOR “SEGURANÇA SOCIAL”, mais (IN)”Justiça”, MAIS CORTES nos “apoios sociais”( subsídios de desemprego, reformas, RSI, e os salários mais baixos da Europa…
 E o que têm tido as cáfilas de governantes, de candidatos a governos, de “secretários de Estado” a diretores dos vários serviços do Estado e grandes gestores privados, de presidentes da república a presidentes de várias instituições privadas e “públicas”?... A ESSES NÃO CHEGA A AUSTERIDADE nem reduções nas suas contas bancárias chorudas, nos bancos daqui …ou da Suíça…

Perante estas atuais e bem visíveis DESIGUALDADES aqui, o facto de na Grécia um pequeno partido como o Syriza - que acabou por ser votado pela grande maioria do povo grego - se propor dar a volta ao texto na situação das “dívidas” do Estado grego ao FMI, ao Banco europeu e às imposições da 1ª ministra alemã Merkel, não pode deixar de gerar a nossa simpatia pelo povo grego .
E pelo governo do Syriza?...  Nisto não deveremos esquecer que na origem da vitória do Syriza está sobretudo, o grande movimento popular –social, laboral, ecológico -  que nos últimos 10 anos não tem parado de se desenvolver nos bairros populares, em locais de trabalho (incluindo HOSPITAIS, alguns deles AUTOGERIDOS e com apoio ativo de anarquistas gregos). Podemos dizer que o voto no Syriza pela maioria da população grega explorada e farta da “austeridade” imposta pela Troika e pelos vários governos,  foi uma última aposta em políticos “representativos” mas que ousaram ir além dos anteriores e se apoiaram nas aspirações de todo um movimento popular de base. O que se seguirá …a ver vamos!

E  EM PORTUGAL?...
Aqui, nem existe o Syriza, nem o BE é o Syriza – nem sequer o “Podemos” espanhol – nem há QUALQUER PARTIDO que possa desempenhar aquele papel… No fundo o medo dos governantes como Passos Coelho, Portas, Cavaco e outros é que aquilo que serviu de base ao Syriza – o forte movimento popular de base – se venha a reproduzir por “contágio” também aqui!...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Trabalho forçado não!

Contratos de Empregabilidade e Inserção

Eis um novo nome para trabalhos forçados e uma nova forma do Estado promover a precariedade dentro e fora dele. Contratos que não são de empregabilidade, porque não te garantem emprego, nem são de inserção, porque apenas és inserido na escravatura contemporânea.

Esta forma de terrorismo laboral serve para camuflar a verdadeira estatística do desemprego (tal como os cursos de formação e a emigração), para fomentar a desregulamentação laboral (tanto em salário, como em horário, vínculo e direitos), incentiva a desmotivação e a marginalização e não satisfaz as necessidades das pessoas.

Herdeira do ex-programa ocupacional de emprego (POC), ofende a dignidade dos trabalhadores chantageados pelo centro de (des)emprego que desempenham funções permanentes (ilegalmente) em autarquias, instituições estatais, entidades de “solidariedade” social (IPSS), em áreas como a saúde, escolas, segurança social (vão agora substituir 700 empregados), centros de dia, recolha de lixo, etc., e até na ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho). Por vezes são gozados pela entidade empregadora quando lhes dão expectativas de um contrato, o que é sempre uma farsa e pode criar quebras emocionais.

É um exército de voluntários à força para diminuir o poder reivindicativo e para aumentar o lucro não só do capitalismo de mercado, mas também do Estado.

Há cerca de 100 mil pessoas nesta situação ultrajante e ignóbil que não têm os mesmos direitos (de contrato, retribuição e protecção a acidentes/doenças profissionais...) do que outros assalariados com quem trabalham ombro a ombro, o que vai provocar atritos e divisões, em benefício de quem os explora a todos (“dividir para reinar”).

Não somos colaboradores, como agora nos chamam, não colaboramos com esta tortura social, a par com os estágios, as máfias das E.T.T. (empresas de terrorismo temporário), etc., mas o que podemos fazer além de denunciar este crime? Propomos que nunca se deixe de lutar quotidianamente, que nos auto-organizemos por locais ou empresas e usemos as tácticas eficazes da sabotagem, várias formas de greve (de zelo, por exemplo), solidariedade e acção directa, que há uma centena de anos atrás levaram à conquista de melhores condições de trabalho e de vida.

28/01/2015