segunda-feira, 26 de março de 2012

Greves e manifestações são necessárias, mas não bastam: auto-organização e acção directa!

As greves são necessárias, mas não suficientes. Causam, como deve ser o propósito de qualquer greve, dano económico ao Capital, mas, desta feita, não de molde a forçá-lo a mudar de rumo. Seja pela gravidade do que está em jogo, seja pela sua natureza limitada, nenhuma Greve Geral conseguirá forçar o Capital e o seu Estado a afrouxarem o garrote que colocaram em torno da nossa garganta. Pelo contrário, é de esperar que o nó se aperte cada vez mais.

À nossa espera estão mais cortes sociais, mais desemprego, mais pobreza, mais opressão. Tudo o que fomos conseguindo conquistar a pulso vai-nos sendo retirado: saúde, educação, reforma, protecção social. Sobem os impostos, modifica-se (outra vez) a lei das rendas para favorecer os senhorios, sobem as taxas moderadoras nos hospitais, aumentam-se os passes sociais, diminuem-se os períodos de atribuição do subsídio de desemprego. O Código do Trabalho é refeito pela enésima vez para nos tornar mais precários e mais vulneráveis, como os patrões desejam. Querem-nos calados e obedientes, mas vão consegui-lo?

As grandes manifestações são necessárias. Quebram o mito de uma classe trabalhadora resignada diante desta «ascensão lenta de um calvário» que lhe propõem de novo. Sim, temos mesmo que sair à rua, para falarmos entre nós, conhecermos-nos, discutirmos os nossos problemas comuns, propormos soluções e agirmos em conjunto. Mas de pouco nos havia de servir «fazermos-nos ouvir» pelo conjunto de capatazes dos nossos exploradores que é o Governo! Pela sua própria posição, só teria que nos ignorar e seguir em frente, porque esta crise e este défice são para combater da mesma forma que todos os anteriores: às custas das nossas condições de existência.

O que fazer então?

Toda a luta deve ser auto-organizada. Com aqueles que sofrem os mesmos problemas que nós, podemos criar grupos, assembleias, movimentos, sindicatos auto-organizados e lutar directamente, sem recurso a intermediários ou representantes, tendo ao nosso lado apenas iguais, não renunciando a métodos, hoje malditos mas que já provaram a sua eficácia, como o bloqueio, a sabotagem, a greve ‘selvagem’ e, acima de tudo, a solidariedade e o apoio-mútuo entre explorados e oprimidos em luta. É preciso levar a resistência a todos os locais onde há exploração e injustiça, a começar por onde é mais difícil: os locais de trabalho!

Não ao Conformismo! Não à miséria!
Chega de representantes e representações.

Basta de apertar o cinto, é hora de cerrar os punhos!

Associação Internacional dos Trabalhadores,
Secção Portuguesa,
Núcleo de Lisboa.

Março de 2012