segunda-feira, 25 de outubro de 2010

[França] Informe de membros da CNT-AIT sobre as manifestações contra os planos de Sarkozy

[Informe escrito em 19/10/2010 por membros de Paris da CNT-AIT, secção da AIT em França, sobre as recentes mobilizações populares. A tradução é da Agência de Notícias Anarquistas do Brasil]

A situação na França está subindo de temperatura:

Por um lado, os jovens alunos estão participando efetivamente da luta. O governo teme que essa situação possa levar a um "cenário grego". Em 2006, a luta dos estudantes contra a "reforma do CPE" conseguiu derrubar uma lei que tinha sido aprovada.

A juventude francesa, que está sob repressão policial constante, expressa agora a sua raiva contra o sistema e especialmente contra a polícia. Houve alguns confrontos muito duros contra os agentes antidistúrbios nas cidades mais populares, nos subúrbios ao redor de Paris, mas também em cidades de toda a França.

Num primeiro momento, o governo criticou os jovens por serem manipulados e disseram que o lugar deles era na sala de aula, não na rua. Mas como o governo aprovou uma lei anos atrás que estabelecia que os adolescentes podiam ser penalmente responsáveis pelos seus atos, a juventude respondeu que se eles tinham idade suficiente para ir para a cadeia com 13 anos, também podiam discutir política e se manifestar nas ruas.
Agora o governo está tentando incitar o medo dos "jovens delinqüentes" que participam do movimento apenas para quebrar tudo e pela violência. Mas, na realidade, esses argumentos não funcionam muito bem (até agora) e as pessoas continuam apoiando o movimento.

Ademais, os trabalhadores em determinados setores estratégicos, como transportes, portos e transportes de combustível, essencialmente, mantém sua greve e até mesmo aumentaram o seu nível de luta.

Pelo menos dois terços dos depósitos de combustíveis foram deixados vazios (em parte pelo bloqueio, em parte porque as pessoas estavam com medo da escassez e correram para as bombas de gasolina... este sentimento irracional de pânico foi uma grande ajuda para os grevistas pela confusão que foi criada).

A rede de abastecimento esteve prestes a entrar em colapso. Isso levaria a um colapso total da economia, assim o próprio presidente decidiu hoje enviar o exército e a polícia para interromper o bloqueio. Os trabalhadores decidiram evitar o confronto e continuar a luta por outros meios.

Além disso, vemos o início da auto-organização em algumas áreas e cidades. Mesmo que isso ainda não tenha um caráter massivo pode ter um impacto significativo no movimento geral.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Porto: SEF não prova acusação a activistas

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artigo retirado de: http://pt.indymedia.org/conteudo/editorial/2461

AACILUS; CNLI; ESSALAM – Associação de Imigrantes Magrebinos e de Amizade Luso – Árabe; Espaço MUSAS; SOS Racismo; TERRA VIVA!/Terra Vivente AES foram as seis associações que subscreveram o comunicado de Imprensa que em Junho de 2006 atribuía responsabilidade moral aos serviços do Porto do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) pelo suicídio do imigrante paquistanês Ahmed Hussein. Na sequência dessas notícias (1 e 2), o SEF processou quatro dessas associações AACILUS; ESSALAM; Espaço MUSAS; e TERRA VIVA. Em julgamento estiveram representantes destas quatro associações. De fora ficaram, por razões que ficam por explicar, SOS Racismo e CNLI.

O processo arrastou-se. A primeira audiência foi marcada para Dezembro 2008, mas foi adiada por ausência do país de um dos arguidos. Em Janeiro seguinte, veio a público que o processo tinha transitado para as Varas Criminais.

A primeira sessão, no Tribunal do Bolhão, no Porto, realizou-se quase dois anos depois, em 15 de Setembro passado, na qual foram ouvidas duas testemunhas de acusação e adiada a sessão para duas semanas depois, por falta da terceira testemunha do SEF, elemento da instituição a gozar licença sem vencimento, algures no estrangeiro.

A testemunha de acusação também não compareceu no dia 30 e as testemunhas de defesa foram prescindidas. A promotora pública tomou posse da palavra: apesar de considerar que as acusações aos serviços do Porto do SEF, subscritas em comunicado de imprensa pelas associações arguidas, podiam, pelo seu carácter genérico, denegrir a imagem daquela instituição, afirmou não haver matéria suficiente para formalizar culpa.

À defesa, constituída por três advogados, coube pedir por justiça. Dois em jeito um tanto tímido, outro muito destemido: “Este é um caso em que há o puro arbítrio de uma instituição que se melindra. As pessoas melindram-se por tudo e por nada. Estamos num tempo em que há democracia mas não há democracia nenhuma. Este é um processo absurdo do ponto de vista social”. Frisou ainda que os quatro arguidos foram, durante quatro anos e meio, e sem formalização de culpa, sujeitos a medidas de coação, nomeadamente a termo de residência.

A leitura da sentença ficou então marcada para dia 6, mas só veio a concretizar-se dia 8 de Outubro. A absolvição já era esperada.