quarta-feira, 25 de março de 2009

Solidariedade com os trabalhadores da fábrica em autogestão "Disco de Oro" (Argentina)



Jantar de solidariedade com os trabalhadores da fábrica em autogestão "Disco de Oro" de San Martín, Argentina

dia 28 de Março – 20 h

no Centro de Cultura Libertária
Rua Cândido dos Reis, 121, 1º Dto – Cacilhas - Almada
http://culturalibertaria.blogspot.com/

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Artigo publicado no blog dos companheiros argentinos no dia 20 de Março passado:

“Trabalhadores da fábrica Disco de Oro demonstram que não precisam de patrões”

Há alguns dias, os companheiros portugueses deram este mesmo título a um artigo sobre a fábrica “Disco de Oro”.
De facto, graças à força dos operários e operárias da “Disco de Oro”, esta fábrica permanece ocupada pelos mesmos há mais de um mês. E em conflitos deste género, notavelmente, foi a que mais rapidamente começou a produzir.
Já começaram a trabalhar, de forma lenta mas empenhada. Graças às contribuições de trabalhadores de outras fábricas, aos vizinhos que foram os primeiros a comprar mercadoria, à solidariedade internacional dos trabalhadores, ao festival solidário realizado e à contribuição dos companheiros que vêm aguentando a ocupação.
No entanto, os trabalhadores não obtiveram nenhum dinheiro para si. Todo o dinheiro que chega vai directamente para um fundo de produção, que lhes permite não depender de nenhum assistencialismo estatal nem de “investidores” que os queiram voltar a explorar.
Alguns companheiros da F.O.R.A. estavam presentes quando um patrão de outra fábrica do mesmo ramo veio oferecer-lhes uma pretensa ajuda económica, com a promessa de fornecimento de toda a matéria-prima para a produção. Eram claras as suas intenções de apropriar-se da marca (e da fábrica) já que, reiteradamente, apontou o logótipo impresso na porta da fábrica dizendo “Isso sim, é o que importa”. Disse também “Se é por dinheiro, não há problema”, acrescentando que ninguém perderia o seu posto de trabalho e que todos receberiam salário.
Este homem, quando pensava que tinha “comprado” os operários com as suas promessas de dinheiro e bem-estar, ficou perplexo quando os próprios trabalhadores tornaram claro que na fábrica as decisões são tomadas pelos operários e que não querem mais patrões: “A fábrica e a marca são dos trabalhadores e de mais ninguém”.
A coragem destes homens e mulheres é enorme. Estão em luta, não só pelo seu posto de trabalho, como também para demonstrar que o patrão não é mais do que um parasita que lhes suga o sangue, porque eles, entre iguais, conseguem fazer funcionar a fábrica sem ter nenhum burguês à frente. Muitos deles, sem outra saída, estão dispostos a deixar a sua vida defendendo esta luta, que se torna quase impossível em várias ocasiões. Mas com a solidariedade que eles recebem, a sua vitória é possível.
Porque a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores e de nenhum Estado ou vanguarda.

Mariano
Sociedade de Resistência de San Martín - F.O.R.A.
http://socderesistenciasm.blogspot.com/
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quinta-feira, 12 de março de 2009

Argentina: Trabalhador@s da fábrica “Disco de Oro” demonstram que não precisam de patrões

Dos noss@s companheir@s da FORA (Federación Obrera Regional Argentina, Secção Argentina da AIT), chegou-nos um apelo à solidariedade com @s trabalhador@s da fábrica Disco de Oro. Est@s, após terem sido enganad@s e abandonad@s pelos patrões, tentam recomeçar, em autogestão, a produção desta fábrica de massa para empadas e tartes, formando para tal uma cooperativa. As decisões respeitantes a esta luta têm sido tomadas em assembleias horizontais de trabalhador@s. Para conseguirem os seus objectivos, @s operári@s da Disco de Oro precisam de solidariedade económica para poderem comprar as matérias-primas necessárias.

Os fundos angariados devem ser transferidos para a seguinte conta:

Nº 5004098 Banco Provincia de Buenos Aires, em nome de Juan Marcelo Pereña

Para mais informação sobre o conflito na Disco de Oro podem visitar o blog da SROV de San Martin:
http://www.socderesistenciasm.blogspot.com/


Carta d@s noss@s companheir@s da FORA-AIT:

Companheiros,

Somos a Sociedade de Resistência de Ofícios Vários de San Martín, filiada na FORA-AIT. Estamos a acompanhar, desde há um mês, a luta dos trabalhadores da Disco de Oro, uma fábrica de massa para empadas e tartes.

O dono da fábrica deixou os trabalhadores na rua, após o que eles ocuparam a fábrica e agora pretendem começar a produzir para poderem comer, uma vez que o patrão não lhes paga há seis meses. Eles organizam-se numa assembleia horizontal e tomam assim as decisões, sem autoridade. A nossa Sociedade de Resistência está activa na luta desde o primeiro momento junto dos trabalhadores.

É por isso que vos escrevemos a pedir a vossa solidariedade económica, para ajudá-los a começar a produzir como cooperativa de trabalho sem patrão, pois foi a sua decisão e necessitam de comprar matérias-primas para a poderem pôr em prática. Há muitos casos de trabalhadores com mais de 40 anos de casa que, se não puderem trabalhar na cooperativa, ficarão na rua e sem dinheiro para as suas famílias.

Além disto, houve ameaças dos donos. Por isso, quanto mais depressa se conseguir produzir, mais rápida será a recuperação da fábrica por parte dos seus operários.
Qualquer contribuição, por mínima que possa parecer, é muito importante para os trabalhadores.

Os trabalhadores da Disco de Oro precisam da nossa solidariedade económica. Como anarquistas, e como trabalhadores, devemos dá-la.

Um abraço fraternal,

Sociedade de Resistência de Ofícios Vários de San Martín – FORA-AIT




Operários e operárias da fábrica Disco de Oro em luta

Em San Andrés (San Martín), os trabalhadores e trabalhadoras da fábrica de massa para empadas Disco de Oro, após conseguirem parar o esvaziamento da fábrica que os patrões tentaram levar a cabo, decidiram no dia 2 de Fevereiro tomar a fábrica e lutar pelo seu local de trabalho.

Guillermo Ferron, enquanto proprietário da empresa (assim como de negócios escuros e patifarias por todo o lado), e Sergio Godoy del Castillo, enquanto testa-de-ferro e patrão, são os responsáveis que conduziram a fábrica ao encerramento e os operários ao desespero. Começaram a não pagar salários, férias, subsídios e outros pagamentos, há cinco ou seis meses. Pagavam quantias miseráveis aos trabalhadores para mantê-los “tranquilos” ao mesmo tempo que iam reduzindo a produção e a qualidade do produto. Por último, mandaram os trabalhadores para casa, com a desculpa de que a matéria-prima escasseava e de que realizariam reparações nas máquinas para melhorar a produção. Muito pelo contrário, aproveitaram para tentar esvaziar a empresa. Há que somar ainda a isto dois operários acidentados, a meio do ano passado, que não receberam um peso por parte da segurança social, porque o proprietário não pagava as contribuições. É por isto também que, neste momento, há operários e suas famílias que não podem receber cuidados médicos.

Ainda assim, são mais de dez as famílias que, neste momento, lutam por recuperar aquele que é, em muitos casos, o seu único sustento económico, e o trabalho de operári@s que chegam a ter 48 anos de casa. Passam dia e noite a guardar os seus meios de produção, acompanhados por vizinh@s e outros trabalhador@s que se solidarizaram com esta luta. Colocaram em marcha, de acordo com o que foram discutindo nas suas assembleias, a formação de uma cooperativa de trabalho para recomeçar a produção. A raiva que sentiram quando o patronato tentou roubar-lhes o que sempre lhes pertenceu (a sua produção), transformou-se hoje na resistência, na auto-organização e na luta para demonstrar que o trabalhador é capaz de se autogerir sem necessidade de nenhuma sanguessuga que fique com o fruto do seu trabalho, enquanto o olha das alturas com as mão nos bolsos.

Os companheiros da FORA estão aqui para dar-lhes apoio e contribuir enquanto trabalhador@s com a nossa solidariedade activa, sem interesses económicos ou políticos.

Sociedade de Resistência de Ofícios Vários de San Martín
socderesistenciasm@gmail.com
http://www.socderesistenciasm.blogspot.com/